Negros, LGBTI e periféricos: o impacto das relações entre movimentos na consolidação de ativismos interseccionais
PDF

Palabras clave

Movimientos Sociais
Movimiento LGBTI
Movimiento Negro
Ativismo Interseccional

Cómo citar

Zanoli, V. (2020). Negros, LGBTI e periféricos: o impacto das relações entre movimentos na consolidação de ativismos interseccionais. REVISTA CONTROVERSIA, (215), 111-157. https://doi.org/10.54118/controver.vi215.1211

Resumen

Neste artigo, baseado em investigação etnográfica realizada entre 2015 e 2019, discuto os impactos das relações entre movimentos sociais na consolidação de um ativismo interseccional. Trata-se de uma análise das redes nas quais atua o Aos Brados, um coletivo LGBTI, negro e da periferia fundado há mais de 20 anos em Campinas (São Paulo, Brasil). Aqui, demonstro como o grupo, ao circular por uma teia que conecta atores e movimentos distintos, passa a aderir e ressignificar noções e práticas políticas que circulam em tal rede. Ao analisar as atividades culturais que passaram a realizar a partir de 2008, evidencio a importância das relações entre ativismos na consolidação de uma identidade política coletiva e de um modo de atuar que valoriza as interseccionalidades, fato pouco explorado pela literatura sobre movimento LGBTI, em particular, e sobre movimentos sociais, de modo geral.

Black, LGBTI and from the Favelas: The Impact of the Relationships between Movements in the Consolidation of Intersectional Activisms

Abstract: In this article, based on an ethnographic investigation carried between 2015 and 2019, I address the impact of the relationships between social movements in the consolidation of an intersectional activism. The analysis is centered on the political networks of a black, peripheric and LGBTI organization: Aos Brados; founded in 1998 in Campinas (São Paulo, Brazil). Here, I demonstrate how, while moving through a web that connects different movements, the group reframes notions and practices circulating in this network. Through the analysis of the cultural activities that the group organizes since 2008, I reveal the significance of the relationships between social movements in the strengthening of a collective political identity and a form of acting that invests in intersectionality; a fact underexplored in the literature.

Keywords: Social Movements, LGBTI Movement, Black Movement; Intersectional Activism

 

https://doi.org/10.54118/controver.vi215.1211
PDF

Citas

Abers, Rebecca; Silva, Marcelo e Tatagiba, Luciana (2018). “Movimentos sociais e políticas públicas: repensando atores e oportunidades políticas.” Lua Nova, 105, 15-46.

Abers, Rebecca; Serafim, Lizandra e Tatagiba, Luciana (2014). “Repertórios de interação estado-sociedade em um estado heterogêneo: a experiência na Era Lula.” Dados, 57 (2), 325-357.

Abreu, Martha (2018). Canções escravas. Em Schwarcz, Lília e Gomes, Flávio (eds.). Dicionário da Escravidão e Liberdade: 50 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras.

Aguião, Sílvia (2018). Fazer-se no “Estado”: uma etnografia sobre o processo de constituição dos “LGBTI” como sujeitos de direitos no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: EdUERJ. Recuperado de: http://books.scielo.org/id/k8vc4.

Alvarez, Sonia (2014). Para além da sociedade civil: reflexões sobre o campo feminista. Cadernos Pagu, 43. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/0104-8333201400430013.

Alvarez, Sonia, Jeffrey Rubin, Thayer, Milly, Baiocchi, Gianpaolo, e Laó-Montes, Agustín (eds.) (2017). Beyond Civil Society: Activism, Participation, and Protest in Latin America. Durham: Duke University Press.

Bakke, Rachel Rua Baptista (2007). Tem orixá no samba: Clara Nunes e a presença do candomblé e da umbanda na música popular brasileira. Religião & Sociedade, 27 (2), 85-113.

Banaszak, Lee Ann. (2005). Inside and outside the state: movement insider status, tactics and public policy achievements. Em Meyer, David S.; Jennes, Valerie, e Ingram, Hellen (eds.). Routing the opposition: social movements, public policy, and democracy. Minneapolis: University of Minnesota Press.

Benford, Robert e Snow, David (2000). Framing Processes and Social Movements: An Overview and Assessment. Annu. Rev. Sociology, 26, 611–39.

Brah, Avtar (1996). Cartographies of Diaspora: Contesting Identities. Londres e Nova Iorque: Routledge.

Braz, Camilo (2014). Provocações queer à “cultura LGBT”. Em Minella, Luzinete, Assis, Gláucia, Funck, Susana (eds.). Políticas e Fronteiras. Tubarão-SC: Editora Copiart, 55-82.

Bringel, Breno (2012). Com, contra e para além de Charles Tilly: mudanças teóricas no estudo das ações coletivas e dos movimentos sociais. Sociologia & Antropologia, 2 (3), 43-67.

Bulgarelli, Lucas (2018). Alerta textão – Estratégias de engajamento do movimento LGBTI de São Paulo (2015-2016) (Dissertação de Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Butler, Judith (2018). Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Câmara, Cristina (2002). Cidadania e orientação sexual: a trajetória do grupo Triângulo Rosa. Rio de Janeiro: Academia Avançada.

Crenshaw, Kimberle (1989). Demarginalizing the intersection of race and sex; a black feminist critique of discrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, 1989, 139-167.

Facchini, Regina (2005). Sopa de Letrinhas? Movimento homossexual e a produção de identidades coletivas nos anos 1990. Rio de Janeiro: Garamond.

Facchini, Regina (2018). Múltiplas identidades, diferentes enquadramentos e visibilidades: um olhar para os 40 anos do movimento LGBTI. Em Green, James, Quinalha, Renan, Caetano Marcio, Fernandes, Marisa (eds.). História do Movimento LGBTI no Brasil. São Paulo: Alameda Editorial.

Feitosa, Cleyton (2019). Políticas públicas LGBTI no Brasil: um estudo sobre o Centro Estadual de Combate à Homofobia de Pernambuco. Sex. Salud y Sociedad, 32, 90-118.

Felix, João Batista de Jesus (2005). Hip Hop: cultura e política no contexto paulistano (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

França, Isadora Lins (2012). Consumindo lugares, consumindo nos lugares: Homossexualidade, consumo e subjetividades na cidade de São Paulo. Rio de
Janeiro: Eduerj.

Giesbrecht, Érica (2011a). A memória em negro: sambas de bumbo, bailes negros e carnavais construindo a comunidade negra de Campinas. Campinas: Pontes Editorial.

Giesbrecht, Érica (2011b). O passado negro: a incorporação da memória negra em Campinas através das performances de legados musicais (Tese de Doutorado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil.

Goffman, Erwing (1974). Frame Analysis: An Essay on the Organization of Experience. Harvard University Press.

Gomes, Nilma Lino (2019). O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Rio de Janeiro: Vozes.

Gonzalez, Lélia (1982). O movimento negro na última década. Em Gonzalez, Lélia e Hasenbalg, Carlos (eds.). Lugar de Negro. Rio de Janeiro: Marco Zero.

Hall, Stuart (2001). Que negro é esse na cultura popular negra?. Lugar Comum, 13-14, 147-159.

Lima, Stephanie (2020). A gente não é só negro! Interseccionalidade, experiência e afetos na ação política de negros universitários (Tese de Doutorado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil.

Lopes, José Sérgio Leite e Heredia, Beatriz (orgs.) (2014). Movimentos sociais e esfera pública: o mundo da participação. Rio de Janeiro: CBAE.

Lopes, Paulo Vítor Leite (2011). Sexualidade e construção de si em uma favela carioca: pertencimentos, identidades, movimentos (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

MacRae, Edward (1990). A construção da igualdade: identidade sexual e política no Brasil da “abertura”. Campinas: Editora da Unicamp.

Magnani, José Cantor (1991). Umbanda. São Paulo: Ática.

Martins, Alessandra Ribeiro (2016). Matriz Africana em Campinas: Territórios, Memória e Representação (Doutorado em Urbanismo), Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas Brasil.

Mascarenhas Neto, Rubens (2020). Da praça aos palcos: caminhos da construção de uma carreira drag queen. Salvador: Devires.

Mascarenhas Neto, Rubens e Zanoli, Vinícius (2019). Black, LGBTI and from the Favelas: An Ethnographic Account on Disidentificatory Performances of an Activist Group in Brazil. Culture Unbound, 11 (1), 124-140.

Mello, Luiz, Brito, Walderes, e Maroja, Daniel (2012). Políticas públicas para a população LGBTI no Brasil: notas sobre alcances e possibilidades. Cadernos Pagu, 39, 403-429.

Muñoz, José Esteban (1999). Disidentifications: Queers of Color and the Performance of Politics. Minneapolis: University of Minnesota Press.

Nascimento, Érica Peçanha (2011). É tudo nosso! Produção cultural na periferia paulistana (Tese de Doutorado), Universidade de São Paulo, Brasil.

Palmeira, Moacir e Barreira, César (orgs.) (2004). Políticas no Brasil: visões de antropólogos. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.

Pelúcio, Larissa e Duque, Tiago (2013). “…Depois querida ganharemos o mundo”: reflexões sobre gênero, sexualidade e políticas públicas para travestis
adolescentes, meninos femininos e outras variações. Revista de Ciências Sociais, 44 (1), 10-43.

Pereira, Amauri Mendes (2008). Trajetória e perspectivas do movimento negro. Belo Horizonte: Nandyala. della Porta, Donatella e Diani, Mario (eds.) (2006). Social Movements: An Introduction. London: Blackwell.

Ribeiro, Djamila (2017). O que é lugar de fala?. Belo Horizonte: Letramento: Justificando.

Rios, Flávia (2012). O protesto negro no Brasil contemporâneo. Lua Nova, 85, 41-79.

Rios, Flávia (2014). Elite política negra no Brasil: relação entre movimento social, partidos políticos e Estado (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Recuperada de: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-04022015-124000/pt-br.php.

Rios, Flávia e Regimeire, Maciel (2017-2018). Feminismo negro brasileiro em três tempos: Mulheres Negras, Negras Jovens Feministas e Feministas Interseccionais. Labrys estudos feministas, 2017-2018. Recuperada de: https://www.labrys.net.br/labrys31/black/flavia.htm

Rios, Flávia, Perez, Olívia e Ricoldi, Arlene (2018). Interseccionalidade nas mobilizações do Brasil contemporâneo. Lutas Sociais (PUC SP), 22 (40), 36-51.

Santos, Marcos César Gomes (2015). Rede Afro: quando o movimento LGBTT diz que não e nós afirmamos que sim, há racismo! (Trabalho de Conclusão de Curso). Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Campinas.

Silva, Ana Cláudia Cruz da (2009). Militância, cultura e política em movimentos afro-culturais. Revista de Antropologia, 52 (1), 161-200.

Silva, Gleicy Mailly (2018). Cultura negra e empreendedorismo: sensibilidades políticas a reivindicações econômicas e o engajamento através do mercado. Anuário Antropológico, 43 (1), 11-36.

Silva, Gleicy Mailly (2017). Empreendedorismos sociais, negócios culturais: uma etnografia das relações entre economia e política a partir da Feira Preta em São Paulo (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Snow, David, Rochford Jr., Burke, Worden, Steven, e Benford, Robert (1986). Frame Alignment Processes, Micromobilization, and Movement Participation. American Sociological Review 51(4): 464-81.

Snow, David, Benford, Robert, McCammon, Holly, Hewitt, Lyndi, e Fitzgerald, Scott (2014). The Emergence, Development, and Future of the Framing
Perspective: 25+ Since ‘Framing Alignment.’ Mobilization: An International Quarterly, 19 (1), 23-45.

Tilly, Charles (1993). “Contentious Repertoires in Great Britain, 1758-1834”. Social Science History, 17 (2), 253-280.

Zanoli, Vinícius (2020). Bradando contra todas as opressões! Ativismos LGBTI, negros, populares e periféricos em relação. Salvador: Devires. Produções Audiovisuais Citadas A Tal Guerreira. Direção: Marcelo Caetano. Coprodução: Jurandir Müller. Brasil: Paleo TV, 2008. Recuperado de: http://portacurtas.org.br/filme/?name=a_tal_guerreira.

Cinco Vezes Luana. Direção: Ana Carolina Marques, Gabriel Stocco, Hélène Baras, Inma Benedito, Larissa Teixeira e Laura Jotace. Orientação: Renato Levi. Brasil: CJE/ECA/USP, 2015. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=THEgWyMOIQs.
Creative Commons License
Esta obra está bajo licencia internacional Creative Commons Reconocimiento-NoComercial 4.0.

Descargas

La descarga de datos todavía no está disponible.